Ricardo acordou no meio da noite… Desnorteado, olhou pelos lados e se viu mergulhado no mesmo silêncio de sempre. Um silêncio fúnebre só quebrado então, pela respiração ofegante de um pesadelo incomum.
Apoiou a cabeça em suas mãos… Mexeu o pescoço tentando relaxar… Respirou o mais fundo possível…. Mas toda tentativa de pensar um pouco foi-se em vão, juntamente com o sono, naquela noite, tão delicado e escasso.
Na cabeça milhares de assuntos, idéias e preocupações… Todas inacabadas e, em sua grande maioria, o pressionando cada vez mais rumo ao precipício de insanidade e desespero.
Piscou os olhos… Quando abriu, já era dia. “A rotina é um ótimo consumidor do tempo” – pensou. Puro engando. Já no escritório, sentado junto a mesa, tomando seu café, vendo pilhas e pilhas de papéis todos a serem resolvidos. E a mente completamente direcionada à noite anterior. Ao caos que esta foi.
E assim o fez, e sem querer percebeu, mais uma vez, o eterno romance dos olhos com o monitor, agora seduzido e sentenciado por uma imagem, aquela imagem, dela que tanto deseja…
Imagem que passou horas vendo atentamente, e talvez a única, que conseguiu afastar suas preocupações mais severas, trazendo um pouco de sossego para o seu peito…
Mas quando menos percebeu, se viu novamente em lágrimas saudosas de veraneio… E junto dela, as mesma pergunta que sempre o persegue nos sonhos…
Onde está você, querida?