Desperto no meio da noite… Olho para o lado, o espaço da cama ainda vago, há tão pouco tempo preenchido… Caminho pelo quarto, vejo a mesma bagunça de sempre… Os livros na estante pedindo uma organização, algumas roupas na cadeira, o copo de café do dia anterior… Sobre a mesa, o computador pisca informando que há trabalho a ser feito.
No banheiro, uma única toalha, um hobby branco com detalhes em vermelho. Sobre a pia, o básico de sempre com alguns toque pessoais, um sabonete em forma de rosa, um óleo de pêssego, o perfume que amo, o prendedor de cabelo dela.
Na sala, o piso frio branco, a mesa de centro, mais copos usados. A estante, em madeira tabaco, livros que sonho um dia ter tempo de ler. O som ligado, ainda sussura as músicas da última noite. O sofá, com suas almofadas, todas em bordô e branco, convidam ao relaxamento.
Na cozinha, pratos e copos organizados na estante. Caixas de leite vazias e a lixeira, dividem o espaço da pia. Sobre a mesa, uma única xícara branca usada no capuccino da tarde, acompanhando o vaso escolhido por ela, agora com suas rosas já secas. Uma breve olhada para o bar e vejo Johnny disputando com Jack quem iria me fazer companhia essa noite.
Na varanda, cadeiras e uma rede, junto a uma luminária. Sobre a mesa do canto, o cinzeiro pela metade, algumas fotos, muitos rascunhos, poesias ao vento.
Agora, enfim amanhece. O dourado aos poucos expulsa o véu azul escuro. Entre um cigarro e outro, um sonho, uma lembrança, um desejo.
Um devaneio não tão antigo, sonho real. Um croissant na Paulista, frente ao Trianon. A silhueta dela, sorridente, cabelos negros medianos, acenando lentamente um triste adeus de outono.