Sábado à noite, o celular resolve tocar. Para o meu espanto, alguém me liga sábado à noite. Já não é comum alguém me ligar. Um espanto ainda maior, quando vejo que não é A, querendo que eu vá com ela para algum lugar. Então quem seria?
“Número não identificado”
Vamos ver… Banco não liga de sábado, a vivo ou a claro não à essa hora, empresas carentes também não… Não sobram muitas opções… Logo, só pode ser uma coisa… E eu não faço a menor idéia do que seria esta coisa.
– Boa noite Alec. Ocupado?
– Hum… Quem fala?
– Frederico. Tenho um serviço. Ainda leciona?
– Só particulares. Alguém da empresa?
– É, novo, 19 anos, não sabe nada ainda… Quinze dias, duas horas.
– R$ ##,## a hora. Sem choro, nem desconto!
– Continua cobrando caro.
– Não está caro, só o justo. Aceita ou não?
– Comece na segunda.
Frederico, foi meu antigo chefe, no meu primeiro emprego, quando eu ainda sonhava em ter uma vida mexendo com publicidade e comunicação visual. Um ótimo amigo mas um péssimo chefe. E como quase sempre, só me liga para dar treinamento, sempre quando contrata alguém novo.
E por ser um “ótimo” chefe, ter gente nova na casa é algo bem comum. Não há como suportar alguém que não sabe a diferença entre amizade e trabalho.
Desde segunda estou treinando esse garoto. Ele se esforça, mas está difícil. Ensinei um pouco na segunda e na terça esqueceu mais da metade. Na quarta ele já não lembrava do que foi passado na segunda. E na quinta, o resto dos dias. Incrivelmente na sexta, ele lembrou alguma coisa da semana.
E conversando com o F, o trabalho na empresa não está fácil. Bem corrido para ser sincero. Mas como treinar alguém que não consegue treinar o que é passado? Bom… Sendo bem frio, o treinamento está sendo passado. E para absorver, ele tem que se esforçar o dobro do normal.
Pior que isso tudo é o cansaço. Trabalhar em dois empregos não é fácil, mesmo que o segundo seja só de duas horas. Estou um caco. Só neste último sábado tive um pouco de ânimo para tentar assistir alguma coisa no Netflix. Assisti 5 minutos e… PUFF! Acabei acordando no sofá as 12h de hoje.
Minha mãe sempre disse para eu estudar e ser alguém na vida. Ou eu estou estudando pouco, ou a vida está muita dura em São Paulo. Será que não tem um jeito mais fácil de manter a vida?