Dentre tantas habilidades desses seres que chamamos de humanos, a mais evidente é a capacidade de se agrupar. Desde os primórdios, socializamos. Já está no nosso sangue, incrustado em nosso DNA. Em suma, humanos não vivem sozinhos.
Mas eu, particularmente eu, não gosto. Não sei se é pela idade, talvez a chatisse chagando. Hoje eu admito não ter paciência para muita coisa, dentre elas, socializar. Há muitas pessoas no mundo e, dividir sua vida com algumas delas é complicado. Fora que há muitas pessoas fúteis, desinteressantes, com gostos duvidosos. E sem faalr que as convenções sociais necessitam de um espaço que não estou preparado para deixar qualquer pessoa participar.
E no meio desse caos todo de crise de identidade, eis que fui inquirido à ir num desses eventos, a festa de confraternização da empresa. E para a minha sorte, justo neste ano o tema foi festa à fantasia.
Imaginem. Um japonês carrancudo, mal humorado, sem habilidades de socialização e ou tato, com algo que ele não é muito fã. Tudo para ser a noite perfeita do suicídio social.
Sem muita escolha, peguei um estetoscópio e um jaleco sobre uma camisa. Nada muito original, mas certamente uma das poucas alternativas com um gasto bem irrisório.
Para a minha surpresa, a festa foi interessante. O salão era luxuoso, e o som trazia de volta músicas eletrônicas dos anos 90. Nostalgia pura, somados à doses de batidas e tacos. Para meu azar, alguma coisa resolveu se vingar, e o resultado foi uma noite anoréxica.
Foi divertido ver gerentes e funcionários, todos misturados dançando em suas fantasias. Já fazia anos que eu não participava de uma festa de confraternização.
Encerrada a festa, fotos tiradas, caretas feitas. A hora mais esperada, ao menos por mim, chegava e tão logo a festa se findou. Tempo apenas para chamar meu carro até meu destino final, uma deliciosa noite de orgia com meu travesseiro e cobertor.