A rotina é uma faca de dois gumes. Por um lado, e ressalto que isso vale apenas para a grande maioria da população, ela traz segurança e tranquilidade, pela previsão do está por vir. Por outro lado, estar na rotina é cansativo, estressante e em muitos casos, destruidora de relacionamentos.
A minha, essa semana, está um inferno. É certo que eu odeio rotinas, ainda mais as relacinadas à compromissos inadiáveis. Porém, fica muito fácil se programar quando algumas coisas estão devidamente em seu lugar.
Eu estava crente que nesse fim de semana iria conseguir adiantar muito alguns projetos pessoais que há muito tempo estão engavetados. Por que não? Um pouco de vinho, a sensualidade da Norah tocando ao fundo e muitas horas proveitosas gastas com um projeto pessoal de extrema importância.
E chega o dia mais esperado da semana. Sexta feira a noite, tudo esquematizado, nootebook sobre a mesa, o vinho já gelando, já procurando a playlist que iria colocar no som e… Puff… O telefone me toca. O maldito ficou ecoando por alguns segundos, ignoradamente, enquanto eu imaginava que a pessoa iria desistir. Engano meu. A pessoa ligou novamente.
Lição importante do dia. Lembrem-se. Quando o telefone toca as 18h00 da tarde de uma sexta feira, nunca é um bom sinal. Ou é algum parente morrendo, ou é algum amigo te convidando pra alguma festa furada, para não dizer algum trabalho de extrema importância que não lhe renderá mais apenas um pouco de respeito e uma tatuagem invisível na testa escrito “idiota”.
No meu caso foi a Rafaela, uma amiga recente que mora no interior de São Paulo. E para minha surpresa perguntou se poderia passar o fim de semana em casa, já que precisava visitar um parente e não tinha onde ficar.
Como todo bom samaritano empenhado em ajudar, tentei fugir pela tangente, o que não deu muito certo, já que os amigos em comum denunciaram como iria ser meu glorioso fim de semana.
Já que a programação da noite foi alterada, nada mais justo que tentar aproveita-la da melhor forma possível. O vinho no fim das contas acabou virando, erroneamente, acompanhamento de algumas pizzas. E minha querida Norah acabou sendo trocada pelo ilustre Sharan, um fundo mais agitado para uma noite com mais diálogos que minha própria semana de serviços.
Ao fim do domingo, ela partiu. Não creio que isso se vá repetir mais vezes. Caso contrário serei obrigado a cobrar diárias pelas noites em casa, já que meus serviços extras e meus projetos ficariam parados.
Então, novamente a dica. Jamais atenda o telefone em uma sexta-feira programada. Principalmente se for algum número desconhecido, ou até conhecido, mas cheio de ressalvas. E se for receber em sua residência, respeite a si mesmo. A noite vira dia, a visita vai embora, mas a bagunça e sujeira quem limpa é você.